"𝐀 𝐉𝐨𝐫𝐧𝐚𝐝𝐚 𝐓𝐫𝐚𝐧𝐬𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐝𝐨𝐫𝐚: 𝐑𝐨𝐧𝐝𝐨𝐧𝐢𝐬𝐭𝐚𝐬 𝐧𝐨 𝐒𝐞𝐫𝐭ã𝐨"
No coração árido do sertão pernambucano, uma história se desenrolava, tecida pelos sonhos e anseios de jovens estudantes. O ano era 2010, uma época em que o futuro parecia pulsar com esperança e possibilidades. Entre as paredes da Universidade Severino Sombra, um grupo de alunos se preparava para embarcar em uma jornada que mudaria suas vidas para sempre.
Minha motivação por trás da escolha em estudar Gestão Pública sempre foi clara: a preocupação com a correta aplicação dos escassos recursos e o desejo genuíno de atender às demandas da população. Era a vontade de fazer a diferença, de contribuir para o bem-estar coletivo.
Foi assim que, em maio daquele ano, na condição de aluno da Universidade Severino Sombra, um edital me chamou a atenção. Era a oportunidade de participar de duas operações do Projeto Rondon, uma iniciativa que visava formar universitários cidadãos, integrando-os ao desenvolvimento do país por meio de ações participativas junto às comunidades menos favorecidas. O objetivo era estimular a responsabilidade social, o senso de coletividade e despertar o espírito de cidadania nos jovens envolvidos.
Em meio a concursos, exames e entrevistas, fui selecionado para a Operação Rei do Baião, onde o município alvo era São José do Belmonte, um município sertanejo da região da caatinga de Pernambuco, com um índice de desenvolvimento humano (IDH) desafiadoramente baixo. E assim, destemidamente embarquei em uma jornada que transformaria minha visão de mundo.
A equipe de rondonistas era formada por oito alunos e dois professores da USS - Universidade Severino Sombra, em parceria com alunos e professores de outra instituição universitária, a UNIVASF - Universidade do Vale do São Francisco. Juntos, seríamos responsáveis por aplicar projetos e iniciativas em benefício da comunidade de São José do Belmonte. Além disso, um militar das forças armadas, chamado de "anjo", acompanharia o grupo, emitindo relatórios ao Ministério da Defesa e garantindo a segurança dos rondonistas.
No dia 10 de julho de 2010, após uma solenidade de abertura marcante no auditório da Universidade do Vale do São Francisco, seguida de um breve curso de sobrevivência na caatinga, conduzido pelos militares do 72º Batalhão de Infantaria Motorizado em Petrolina, o grupo de rondonistas partiu rumo ao município alvo. 𝐏𝐚𝐮𝐥𝐨 (𝐔𝐒𝐒), 𝐌ô𝐧𝐢𝐜𝐚 (𝐔𝐍𝐈𝐕𝐀𝐒𝐅), 𝐑𝐨𝐛𝐞𝐫𝐭𝐨 (𝐔𝐒𝐒), 𝐋𝐮𝐜𝐢𝐚𝐧𝐨 (𝐔𝐍𝐈𝐕𝐀𝐒𝐅), 𝐀𝐧𝐧𝐞 (𝐔𝐍𝐈𝐕𝐀𝐒𝐅), 𝐕𝐚𝐥𝐝𝐨 𝐑𝐨𝐜𝐡𝐚 (𝐔𝐒𝐒), 𝐍𝐚𝐢𝐚𝐝𝐲 (𝐔𝐍𝐈𝐕𝐀𝐒𝐅), 𝐋í𝐯𝐢𝐚 (𝐔𝐍𝐈𝐕𝐀𝐒𝐅), 𝐂𝐥𝐚𝐫𝐢𝐬𝐬𝐚 (𝐔𝐒𝐒), 𝐌𝐚𝐭𝐡𝐞𝐮𝐬 (𝐔𝐒𝐒), 𝐉𝐮𝐧𝐢𝐧𝐡𝐨 (𝐔𝐒𝐒), 𝐅𝐚𝐛𝐢𝐨 (𝐔𝐒𝐒), 𝐓𝐡𝐚𝐢𝐬 (𝐔𝐒𝐒), 𝐅𝐚𝐛𝐢𝐚𝐧𝐚 𝐁𝐞𝐳𝐞𝐫𝐫𝐚 (𝐔𝐒𝐒), 𝐃𝐚𝐧𝐢𝐞𝐥 (𝐔𝐍𝐈𝐕𝐀𝐒𝐅), 𝐌𝐨𝐫𝐠𝐚𝐧𝐚 (𝐔𝐍𝐈𝐕𝐀𝐒𝐅), 𝐒𝐮𝐞𝐥𝐥𝐞𝐧 (𝐔𝐍𝐈𝐕𝐀𝐒𝐅), 𝐅𝐚𝐛𝐢𝐚𝐧𝐚 𝐑𝐚𝐦𝐢𝐫𝐞𝐬 (𝐔𝐒𝐒), 𝐒𝐡𝐞𝐢𝐥𝐚 (𝐔𝐍𝐈𝐕𝐀𝐒𝐅), 𝐉𝐮𝐜é𝐥𝐢𝐚 (𝐔𝐍𝐈𝐕𝐀𝐒𝐅), e nosso “anjo” 𝐒𝐮𝐛𝐭𝐞𝐧𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐇𝐚𝐦𝐢𝐥𝐭𝐨𝐧 𝐄𝐫𝐚𝐬𝐦𝐨 𝐁𝐚𝐭𝐢𝐬𝐭𝐚 𝐝𝐞 𝐂𝐚𝐬𝐭𝐫𝐨. Cada um com sua história e motivação única, uniram-se em prol de uma causa maior.
Durante duas semanas intensas, a vida cotidiana daquela pequena comunidade foi preenchida com cursos, palestras e entrevistas, abordando temas relevantes para o seu desenvolvimento. O aprendizado fluiu em todas as direções, como rios que encontram seu caminho nos meandros da paisagem sertaneja. Os rondonistas compartilharam conhecimentos, experiências e perspectivas, enquanto os moradores de São José do Belmonte absorviam cada palavra, ávidos por aprender e crescer.
Aqueles momentos de interação foram além da mera troca de informações. Eles construíram pontes de compreensão e empatia entre os jovens estudantes e a comunidade que os acolhia. Os laços de amizade foram tecidos com o fio da sinceridade, da simplicidade e da vontade mútua de construir um futuro melhor.
A caatinga, tão árida e implacável, revelou-se um cenário de beleza singular. Sob o sol escaldante, a poeira dançava ao vento, enquanto as vozes dos rondonistas ecoavam pelos vales e colinas. Cada ação, cada projeto desenvolvido, levava consigo um fragmento de esperança para os habitantes daquela região.
E naqueles momentos em que as tarefas do dia a dia se acalmavam, a noite se vestia de estrelas brilhantes, iluminando corações cansados, mas repletos de gratidão. Em volta da fogueira, histórias eram compartilhadas, sorrisos surgiam espontaneamente e canções ecoavam pela escuridão, enchendo o ar com a alegria contagiante do povo sertanejo.
Ao final daquelas duas semanas que pareciam ter passado em um sopro, era chegada a hora de se despedir. Os rondonistas partiriam, levando consigo as memórias de um tempo vivido intensamente e o desejo ardente de que o trabalho realizado tivesse plantado sementes de transformação duradouras.
Voltariam para suas universidades, para suas vidas, mas não seriam mais os mesmos. A experiência do Projeto Rondon deixara uma marca permanente em seus corações. Eles haviam testemunhado a força da união, a resiliência do povo sertanejo e a importância de olhar além das dificuldades para enxergar o potencial de crescimento em cada indivíduo.
Naquele momento de despedida, abraços apertados e lágrimas sinceras preenchiam o ar. O vínculo criado entre os rondonistas e a comunidade era mais do que uma simples passagem pela vida do outro. Era uma conexão profunda, repleta de respeito, admiração e um desejo mútuo de continuar lutando por um país mais justo e igualitário.
Enquanto o ônibus se afastava, deixando para trás São José do Belmonte e suas histórias, a certeza de que aqueles dias vividos no sertão pernambucano jamais seriam esquecidos. O Projeto Rondon havia cumprido seu propósito de transformar os jovens rondonistas em cidadãos mais conscientes, comprometidos e dispostos a lutar por um mundo melhor.
A mensagem absorvida foi de que, mesmo diante dos desafios e das adversidades da vida, sempre haverá uma luz que nos guia. A experiência vivida pelos rondonistas em São José do Belmonte foi apenas o começo de uma jornada de transformação interior, que se estenderia por toda a vida.
Cada um dos rondonistas retornou para suas universidades e seguiu caminhos diversos, mas todos carregavam consigo as lembranças daqueles dias marcantes no sertão pernambucano. Eles sabiam que tinham sido parte de algo maior, que tinham contribuído, ainda que modestamente, para o progresso daquela comunidade.
O Projeto Rondon havia cumprido sua missão não apenas de levar conhecimento e apoio às comunidades carentes, mas também de despertar o potencial transformador que existia dentro de cada um daqueles jovens estudantes. Eles haviam se tornado agentes de mudança, influenciando positivamente aqueles ao seu redor e deixando um legado de comprometimento e dedicação.
E assim, aqueles dias no sertão pernambucano continua a ecoar nas lembranças e nas ações daqueles rondonistas. O Projeto Rondon segue vivo em seus corações, impulsionando-os a sempre olhar além de si mesmos, a lutar por um país mais justo e a contribuir, de alguma forma, para a construção de um mundo melhor.
Que cada novo amanhecer seja um lembrete de que a união, a empatia e o comprometimento são os pilares que sustentam as transformações sociais. E que a história dos rondonistas da Operação Rei do Baião continue a inspirar novas gerações a levantar-se e fazer a diferença, acreditando no poder do conhecimento, do amor ao próximo e da busca incessante por um futuro mais promissor para todos.