"O Silêncio dos Troféus"
Era uma noite fria e estrelada, a lua brilhava com uma intensidade única, como se soubesse que algo especial aconteceria naquela ocasião. As luzes se acendiam no pequeno palco do festival da canção, e a plateia, ansiosa, esperava pelo início das homenagens.
No entanto, pairava no ar um sentimento de nostalgia e tristeza, como se algo estivesse faltando naquela festa. O motivo era claro: o artista, aquele que sempre foi presença cativa no festival, não estava mais entre eles. Sua partida tão repentina deixou um vazio nos corações daqueles que o conheciam e amavam.
Enquanto o evento começava, uma brisa suave soprava, como se as almas dos artistas que partiram estivessem presentes, invisíveis aos olhos, mas ainda assim, imortalizadas nas memórias daqueles que ali estavam. O palco testemunhou tantas vezes a emoção que aquele artista trouxera ao cantar suas composições, e agora ele estava silente, um eco do passado que ecoava nas lembranças.
O apresentador, com voz embargada pela emoção, tomou o microfone e anunciou: "Hoje, reunidos aqui, prestamos homenagem a uma pessoa que também contribuiu para nossa comunidade e para a música local". A plateia aplaudiu, respeitosa, mas alguns olhares se cruzaram, expressando uma mistura de carinho e saudade.
O festival seguiu com performances emocionantes, mas entre as apresentações, era inevitável que muitos se pegassem recordando dos momentos em que o artista, com seu violão e voz suave, encantava a todos “...Eu sou sua sombra sua energia. Eu sou o seu pulmão. Eu sou suas asas, sou fruto da sua imaginação…” Ele era a personificação da arte, do talento nato, da paixão que transbordava em suas canções.
Enquanto isso, os troféus brilhavam no centro do palco, prontos para serem entregues aos novos talentos. No entanto, havia um lugar vazio, um troféu especial que não recebera nome algum. O troféu que deveria levar o nome do artista, em reconhecimento a tudo o que ele representou para o festival e para a comunidade.
Ao final da noite, um dos membros da organização subiu ao palco e fez um discurso emocionado. Ele reconheceu a ausência do artista e a importância que ele tinha para todos ali presentes. Em um gesto significativo, anunciou que a partir daquele momento, o troféu mais cobiçado do festival levaria o nome do artista. Uma forma de eternizar sua memória e legado, para que nunca fosse esquecido.
As lágrimas e aplausos ecoaram, enquanto todos se levantavam em reconhecimento a essa bela decisão. O artista, que já não estava fisicamente entre eles, agora viveria eternamente naquele festival, em cada troféu entregue em seu nome, em cada acorde tocado, em cada melodia entoada.
E assim, o silêncio dos troféus foi quebrado pelo som da lembrança, pela voz da saudade e pelo eco de um artista que se foi cedo demais. O festival seguiu seu curso, e a cada edição, a história daquele artista seria contada aos novos participantes, mantendo vivo o espírito da arte, da paixão e da música que ele tanto amava.
Pois, como diz o ditado, "santo de casa não faz milagre", mas o artista de casa deixou um milagre em cada nota, em cada poesia e em cada coração que ele tocou com sua arte. E o troféu que carregava seu nome seria a lembrança eterna de que a arte pode até ser esquecida, mas o artista jamais.